Minha irmã, formanda em arquitetura, passou uns dias aqui em São Paulo comigo. Como ela veio para a Bienal de arquitetura e ficou por poucos dias, resolvi otimizar o tempo e já começar a estadia dela aqui com uma surpresa.
Meses atrás ela me mandou o link de uma reportagem falando da arquitetura do restaurante Kaá, que ganhou vários prêmios internacionais. Eu deixei a aba da reportagem aberta no meu FireFox todo esse tempo (eu tenho a mania feia de cultivar abas por meses) e quando ela estava chegando, liguei para reservar uma mesa pra gente.
Não tinha mais reservas disponíveis, então a solução era chegar cedo para conseguir mesa. Depois de enfrentar o trânsito refrescante das 19h de uma sexta feira dentro de um taxi, chegamos na fachada branca, com uma porta marrom e um coqueiro.
Quando a porta se abriu, a Márcia quase caiu pra trás. Ela ficou em choque e não acreditou que eu tinha levado ela no Kaá. A hostess até achou graça da reação Porta da Esperança que ela teve.
O lugar ainda estava vazio, então aproveitamos para fazer perguntas para os garçons, tirar fotos e pagar todo o tipo de mico.
Visitamos a sala VIP, andamos por tudo, e a Márcia repetia que se sentia em um sonho, com tudo tão lindo.
É, vantagens de ser colona e pobre. A gente se deslumbra. E eu adoro me deslumbrar. Né?
O Kaá fica em um galpão estreito e comprido, e o que seria um espaço péssimo para um restaurante acabou ficando genial com as opções de design que foram tomadas.
À esquerda de quem entra, a parede alta é tomada inteira por um jardim vertical, interrompido apenas por prateleiras imponentes atrás do bar.
O clima “selva” ainda é composto por um teto solar que abre durante o almoço em dias bonitos e um espelho d’água (onde já caíram várias pessoas distraídas, me confidenciou um garçon).
A iluminação da noite é linda, usando umas lanternas japonesas gigantes.
O lugar é de tirar o fôlego. Os preços também, não vou mentir. A nossa idéia era só tomar um drink, conhecer o local e ir embora, mas o clima estava tão especial que resolvemos jantar ali mesmo. Azar do cartão de crédito.
Os pratos variam em torno de 45 a 70 reais. Em comprensação, são muito bem servidos e com apresentações lindas.
A Márcia pediu uma carne que veio ainda presa ao osso (como se chamava?) e eu pedi um risoto de alho poró com presunto cru.
A carne estava uma manteiga. Como eu sei? Eu provei o dela, ela provou o meu. Eu disse que a gente pagou todos os micos possíveis. Mas ela até dava uma sensação estranha ao mastigar, não parecia carne, de tão macia.
O meu risoto estava de ir comer no cantinho, rezando. Tinha uns nacos que brie que chegava a ser covardia.
A gente remou para terminar o jantar e depois fomos para o bar. O lugar a essa altura já estava lotado e nós ficamos observando as pessoas. Gente de todo tipo, como é comum nessa selva de pedra.
Desde senhoras mega enfeitadas até a galerinha que saiu do trabalho e foi direto pra lá.
Bebemos um drink de 33 reais – bebemos juntas UMA taça – com vodka polonesa, especialidade da casa.
No fim da noite, entre couvert, água, comida e drinks, a conta deu 100 reais para cada uma. Uffs!
Mesmo o lugar sendo elegante e caro os garçons e o staff em geral foram mega atenciosos, entenderam que nós estávamos ali para conhecer a estrutura e nos trataram como rainhas. Todos que trabalham lá sabem enumerar os prêmios que a arquitetura do lugar ganhou e têm muito orgulho em mostrar os pontos interessantes e contar histórias a respeito.
Com certeza vale o preço.
Agora eu quero voltar lá durante o dia para ver o teto aberto, deve ser um espetáculo.
Veja mais fotos e o cardápio no site do Kaá.
Av. Juscelino Kubitsheck, 279, Vila Olímpia.Tel 3045-0043