Desde que cheguei na cidade, em setembro de 2009, ainda não tinha ido a uma churrascaria. Na verdade até fui comer carne em alguns lugares, mas nao era “espeto corrido”, como chamamos no sul quando o espeto vai até a sua mesa. Então nesse final de semana eu fui. E agora todas as noites eu grito de horror.
To brincando.
Espeto corrido aqui em São Paulo é outra coisa, nenhuma das alternativas anteriores. Quando chegamos tinha um cara vendendo balões de animais na porta, e uma excursão de indianos entrava. Achei que eram como os indianos que conheci em Porto Alegre, ansiosos para conhecer nossa cultura e nossas carnes (das nossas vacas). Mas não, esses eram do tipo totalmente vegetarianos. Como faz? Não tema.
As invasões bárbaras
Os gaúchos reclamam quando algum espeto corrido coloca uma mesa de buffet incluindo um pratinho de sushi, ou quando o restaurante Riverside´s tenta envergonhar todo um estado e faz um rodízio+sushi. Isso não é nada.
Onde eu fui, havia:
– Buffet de massas e molhos
– Buffet (enorme) de sushi
– Buffet de quibe cru e comida árabe
– Buffet de frutos do mar, com camarão, siri, ostras frescas, mariscos, etc
E o indefectível:
– Buffet de saladas
Pode parecer exagero, mas não gosto de comer carne olhando o cara da outra mesa misturar mariscos com kibe cru e sushi.
E com todos esses buffets, tu acha que eu encontrei cebola empanada, cebolinha no vinagre de vinho e radicci com bacon? Nada!
O Ponto
E, falando em carne, o ponto: o que aqui é mal passado, no sul é considerado ao ponto, o que aqui é ao ponto é lá bem passado, e o que é bem passado aqui, lá é esturricado “taca fora que caiu dentro da churrasqueira”.
Picanha ao ponto é dose. Os garçons, trabalhados na pilcha com lenço maragato, me traziam picanha ao ponto. Mas consegui chegar a um acordo com eles.
Aqui o garçon não fala o nome da carne, mas o do boi. Da raça. E serve coisas estranhas, como faisão e carré de cordeiro, que é muito diferente do carneiro que eu conhecia. Também tem misturas com curry homenageando os indianos.
Não me entenda mal, eu adoro todos os buffets que haviam lá. Apenas não todos no mesmo ambiente, misturando cheiros e gostos. Me foi explicado que tem que ser assim porque mulheres paulistas não comem carne (me recuso a acreditar) e para os pobres homens conseguirem chegar perto de um espeto corrido as loucas exigem 30 tipo de comidas diferentes.
Verdade ou não, não tenho nada especificamente contra o lugar, mas sugiro mudar o nome. Ao invés de churrascaria, chamemos de Louca Festa Culinária do Tio Bira ou algo assim.
Onde eu fui:
South´s Place (“Lugar do Sul”? Alou governo do RS, tem que ver isso aí).
Av. Roque Petroni Jr, 850, Brooklin Novo
5542-1888. R$70 por pessoa no almoço de domingo.