No sábado finalmente consegui ir na exposição do Andy Warhol. Depois de ficar na fila da Pinacoteca, que só abre às 10, descobri que as obras não estavam ali, mas na ESTAÇÃO Pinacoteca a duas quadras dali.
O trajeto até lá foi um pouco tenso porque eu estava sozinha e àquela hora não tinha mais ninguém nas ruas, a não ser bêbados, travestis, traficantes, mendigos e outros seres não identificados. O cheiro de urina era insuportável e um bêbado, que me fez caminhar pela rua para dar espaço para o seu zigue-zague tomando a calçada toda, conseguiu cair exatamente na sarjeta, logo depois de passar por mim. Ele caiu reto, como uma arvore derrubada, e foi empurrado por outras pessoas para fora da água.
Já na Estação Pinacoteca, a exposição estava organizada de forma tão interessante que fiquei muito tentada a tirar algumas fotos escondido, mas desisti. Não é permitido fotografar nem filmar as obras, como sempre. Gosto muito do trabalho do Warhol e foi emocionante poder olhar os quadros de perto e acompanhar as pinceladas dele, a textura do linho, os pequenos defeitos do stêncil. O papel de parede azul com vacas amarelas me encantou, quero para a minha casa!
Achei que o número de peças em exibição é pequeno comparado com o volume da obra dele e com a vontade que eu estava de ver mais.São dois meios-andares. Em cima estão os quadros: Mao, Jackie, Marilyn, as sopas Campbell´s, as notas de dólar e uma série em que ele trata de violência e morte, com fotos de criminosos, acidentes, suicídios e execuções. Também estão algumas polaroids que ele tirava dos famosos para fazer os quadros de stêncil e de si mesmo, travestido. No andar de baixo estão videos experimentais, que foram a grande paixão de Warhol na segunda metade da sua vida, e uma foto do Pelé junto com uma citação onde Warhol comenta a variadade de cor da pele dos brasileiros.
Achei interessante a reação das pessoas a um vídeo chamado Blow Job, que mostra apenas o rosto de um jovem modelo enquanto ele recebe sexo oral. Os expectadores variavam entre raiva e desconforto.
Em uma sequência de quadros sobre o assassinato do JFK fiquei impressionada com a combinação de cores. A mistura do néon com marrom, com prata em uma sequência que, teoricamente não devia “combinar”, mas que cria um resultado harmonioso.
Se eu tiver tempo, pretendo voltar à exposição, mesmo sentindo falta de algumas obras que eu adoraria ter visto, como os Elvis, as garrafas de Coca-Cola e a banana.
“Foi uma daquelas tardes em que pedi a dez ou 15 pessoas que me dessem idéias, até que uma amiga minha me fez a pergunta certa: ‘Qual é a coisa de que você gosta mais?’ Foi, assim, que comecei a pintar dinheiro.”
“O que este país tem de bom, é que a América estabeleceu uma tradição, segundo a qual os consumidores mais afortunados compram essencialmente as mesmas coisas que os pobres. Quando se está vendo televisão, bebe-se Coca-Cola; sabe-se que o presidente bebe Coke, Liz Taylor bebe Coke e, então, a pessoa pensa consigo mesmo que também pode beber Coke. Nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar uma Coca-Cola melhor do que a que o mendigo está bebendo na esquina.” Andy Warhol
Estação Pinacoteca (largo General Osório, 66, Centro, SP, tel.11 3335-4990);
R$ 3 a R$ 6 (sábado, grátis)
das 10 até as 18h, fechado na segunda-feira
até o dia 23 de maio
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